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quarta-feira, 24 de março de 2010

Addicted [Part II]

Fui colocando as roupas de qualquer jeito dentro da mala, eu não queria ter tempo para parar e pensar no que eu estava fazendo. Fechei a mala indo até o banheiro e pegando alguns objetos essenciais e os coloquei no bolso da frente. Carreguei a mala com um pouco de dificuldade até a sala. Ele estava parado de frente para a janela com as mãos no bolso e a cabeça baixa. A única coisa que eu desejava era que ele me dissesse a verdade e me fizesse mudar de idéia. Era só o que eu precisava.
Mas ele não o fez.
E a única coisa que eu consegui fazer foi segurar meu choro e abrir a porta do apartamento.
- Se você sair desse apartamento agora... - A voz dele fez meu coração acelerar. O olhei ainda segurando a maçaneta da porta. - Não precisa se dar ao trabalho de voltar. - Ele falou com a voz quebrando no final. Despedaçando igual ao meu coração.
Tive que lembrar como respirar para conseguir me manter firme.
Ele não se virou, e nem falou mais nada. Eu também não ia olhar pra trás.
- E eu não vou. - Falei tão baixo que tive certeza que ele não ouviu.Abri a porta e saí do apartamento.

sábado, 13 de março de 2010

Danny e Ellisa.

‘Danny?!’ Perguntei depois de um tempo.
‘Oi.’ Ele respondeu calmo.
‘Você ligou pra ouvir minha respiração?’ Falei rindo baixinho.
‘Foi.’ Ele respondeu rindo também e eu fiquei sem graça. Pensei em falar alguma coisa, mas deixei que o silêncio prevalecesse mais uma vez.

‘Um filme.’ Falei tentando quebrar o silêncio que já estava me incomodando. ‘Diz a primeira coisa que vier na sua cabeça.’
‘Ok! De Volta Para o Futuro.’ Ele falou com convicção.
‘Uma cor.’
‘Azul.’
‘Uma qualidade.’
‘Hm...eu sou um bom pai, não sou?’ Ele riu.‘Acho que sim.’ Falei brincando. ‘Um objeto.’ Continuei.
‘O porta retrato do meu criado mudo.’ Ele respondeu, e na mesma hora e eu lembrei quando ele disse que a foto que eu tinha lhe dado no hospital ficava no criado mudo ao lado de sua cama.
‘Uma frase de alguma música.’ Falei balançando a cabeça para afastar meus pensamentos.
‘Can't you see that I wanna be, there with open arms. It's empty tonight and I'm all alone, get me through this one.’ Ele cantou baixinho Letters To You do Finch e eu senti uma vontade imensa de chorar, mas não podia fazer isso. Suspirei e segui em frente.
‘Um sentimento.’
‘Culpa.’ Ele falou baixo e eu senti uma pontada no peito.
‘Uma palavra.’ Falei devagar.
‘Desculpa.’ Ele disse em meio a um suspiro.
‘Uma certeza.’ Falei de olhos fechados já sentindo algumas lágrimas teimosas rolarem por meu rosto.
‘A de querer você só pra mim e pra sempre.’ Ele respondeu baixo e de uma forma triste enquanto eu sentia meu coração querer sair pela boca. Fiquei em silêncio apenas ouvindo sua respiração pesada.
‘Danny.’ Falei baixo me ajeitando embaixo do cobertor.
‘Oi.’ Ele respondeu com uma voz cansada.
‘Me lembra amanhã que isso não foi um sonho?’ Me senti boba falando isso, e ele riu baixo.
‘Lembro, pequena. E mesmo se fosse um sonho...’ Ele parou um instante. ‘Eu tornaria realidade pra você.’ Ele completou e eu sorri idiotamente.
‘Danny.’ Falei o nome dele pela milésima vez.
‘Meu nome soa mais bonito com a sua voz.’ Ele falou rindo.
‘Danny.’ Repeti e nós rimos. ‘Boa noite.’ Falei mais baixo já com os olhos fechados.
‘Boa noite, Ellisa.’ Ele falou tão baixo quanto eu. Suspirei e desliguei o telefone.
‘Eu te amo.’ Sorri comigo mesma desejando que ele tivesse dito a mesa coisa.


Addicted ♥

sexta-feira, 12 de março de 2010

Gente.

"Somos uma geração que perdeu o privilégio de não fazer nada, aquele doce não-fazer-nada que é a mansa hora de repouso, o embalo da rede na frescura de uma varanda, a quietude ensolarada de um pomar em que o sono da tarde nos pegou de repente, a hora de armar brinquedos para as crianças, das visitas que chegam sem se fazer pronunciar, pois na certa estaremos em casa para uma conversa despreocupada e sem objetivo. Somos uma geração de mulheres que saem demais de casa, para trabalhar ou para se divertir, e perde metade da vida indo ou vindo para não se sabe onde, fazendo fila para comprar, tomar condução ou assistir a um cinema. Perdemos o abençoado tempo de perder tempo, de não fazer nada, a única hora em que a gente se sente viver. O mais é canseira e aflição de espírito.
E foi tudo isso que reencontrei, de repente, na casa grande e branca da rua quieta."


[ Trecho da crônica "Gente" de Elsie Lessa ]

terça-feira, 9 de março de 2010

Ser Impotente.

Ser impotente é não ter forças para exceder a linha que separa o que é basicamente aceitável do lado insano. É não correr riscos porque sabe que o planejado pode não sair como o esperado, não ter forças nem para tentar e assim, entrega o jogo, deixa passar... Ser impotente é ser incapaz de concluir algo pelo qual você desejou ter ou fazer há certo tempo, ter oportunidade para isso e debilitar-se. É voltar pra casa e pensar no quão inútil foi sua não-atitude, é sentar na cama e pensar durante horas sobre o porquê de seu fracasso, se sentindo a pessoa mais frustrada do mundo e suplicar para voltar no tempo e fazer diferente, dar um toque de realidade naquilo que só era possível acontecer em sonho. No dicionário, ser impotente é ter 'incapacidade masculina para o ato sexual', isso se resolve com uma pílula. Mas e pra quem é mulher, e não tem esse tipo de impotência? Impotência moral. Tem remédio? Tem?Eu sei que a solução se encontra numa caixinha trancada no fundo de nossas almas, cuja chave está mais próxima de nós do que imaginamos, mas estamos cegos demais para enxergar, e basta esticarmos nossas mãos e apalpar a ocasião favorável para desvendar os mistérios contidos no tal receptáculo. E ser alguém forte, recuperar a tal potência.