Sair a noite e se sentir livre como um pássaro fora de sua gaiola, notar que a paisagem ganhou seus olhos, apreciar o vento batendo nos cabelos e perceber aquela mistura de paz e esperança dentro de si. Definitivamente você está em sintonia consigo mesmo. Então você pisa no solo e desce a rua pela calçada desigual, encontra as pessoas que disseram que estariam lá, avista, de um modo nada discreto, se aquele que faz seu coração desregular também está por perto, seus amigos estão todos lá, jogando conversa fora e bebendo, mas ele não. De repente parece que o mundo está conspirando contra vocês, só desencontros, mais uma noite perdida, desanimada, fria, é só uma noite qualquer...
Quando a paisagem ganha seus olhos mais uma vez, agora no amanhecer, você se perde em pensamentos sobre situações inexistentes e se lamenta por ter certeza de que se aquele contato desejado acontecer, será uma escolha sem volta, como um destino escrito há muito tempo atrás nas entrelinhas, como entrar para uma seita juramentada. Você se entrega de corpo e alma. Seu corpo continua do mesmo jeito de sempre, todos os pequenos defeitos e detalhes singulares, mas sua alma já não pode ser chamada de sua, pois a cada batida do seu coração, o sangue pulsa nas veias daquele que você almeja ter, e você se sente cada vez mais fraco, e mais fraco, distante demais para recuperar seu verdadeiro 'eu'. Algumas pessoas chamariam isso de loucura, eu prefiro denomilá-lo como... amor.