"- Hey? - Ele chama. - Olha pra mim. - Eu olho. - Por que você me ama?
Putz, ele perguntou. Na verdade eu nunca disse claramente um "eu te amo", mas ele sempre soube que sim, eu o amava. Eu nunca pensei que ele poderia me perguntar o porquê que eu o amo. Eu teria de fazer uma espécie de declaração, não sei... Era tão cedo pra isso...
- Érm... - Tentei começar alguma frase qualquer e mirei minhas mãos cruzadas encima de minhas pernas.
- Olha pra mim? - Ele pediu docemente. E assim fiz. Abri a boca pra começar a responder, mas não saiu nenhum som. Ele arqueou a sobrancelha me encorajando a falar.
- P-porque... - Comecei. - Bom, é que... - Desviei meus olhos pra baixo mais uma vez. Ele tocou meu queixo com seus dedos e levantou meu rosto para que meus olhos encontrassem com os dele. - Eu... te acho incrível. - Disse pausadamente. - Você tem... todas as qualidades que eu sempre procurei e admirei em alguém. - Disse um pouco mais rápido e meu olhar saltava de um olho dele para o outro constantemente. - E acho que isso faz de mim uma pessoa completa, não sei... - Dei de ombros, e ele esboçou um minúsculo sorriso no canto dos lábios, corei de vergonha e quando ameacei olhar pra baixo, ele passou de leve seu polegar em meu rosto. - E por mais que... você não sinta nem um... décimo do que eu sinto... - Meus olhos marejaram, e os dele fecharam por alguns segundos, como se assim fosse mais fácil de compreender a absover minhas palavras, depois se abriram e encontraram com os meus mais uma vez. - Você me faz crer que você sente sim, tanto quanto eu... Por cada gesto seu, o jeito que você me olha, o seu beijo, o jeito como me abraça, e como toca meu rosto, - Então ele se deu conta de que ainda estava acariciando meu rosto com seu polegar, e sorriu. - o jeito como você sorri... - Sorri junto, e uma lágrima traiçoeira rolou livre sobre minha bochecha. - Eu não sei, mas eu sinto, e por mais errada que eu possa estar, ainda sinto... Que são gestos que... Só acontecem entre você e eu, como se nenhuma outra garota conseguisse te fazer ficar assim... Por mais que eu esteja enganada, e que você realmente não goste de mim nem um décimo do que eu gosto, você consegue me fazer acreditar que eu posso SIM estar certa. E de certa forma... Se enganar também é uma forma de amar alguém... - Disse essa última frase com a voz falha, de quem estava para começar um choro, outra lágrima caiu, ele as secou, fechou os olhos e encostou sua testa na minha e colou nossos narizes.
- É, eu... - Suspirou pesado. - Realmente não sinto por você um décimo do que você sente, é... muito mais forte do que você pensa que é. - Ele abriu os olhos e encontrou os meus, tão próximos, chorosos e apreensivos. - Você não estava enganada, você cogitou algo que poderia estar se passando dentro de mim e... Acertou. Talvez... Apostar num sentimento pequeno, também pode ser uma forma de amar alguém. - Sorri pelo canto dos lábios, e ele seguiu o movimento como um espelho, depois colou nossos lábios num singelo selinho. - Eu te amo."