Meu irmão acreditava em coelhinho da Páscoa até a Páscoa passada. Nós conversávamos com o Rodrigo e arrancávamos dele, disfarçadamente, os tipos de ovos que ele gostaria de ganhar. Na manhã de Páscoa, nós o chamávamos para o café da manhã, e enquanto ele ia preparando seu pãozinho, algum de nós, colocávamos em cima da cama dele, os ovos que ele pediu. Ao fim do café da manhã, ele sempre voltava pro quarto, pra buscar algum brinquedo, ou qualquer outra coisa, então ele olhava pra cama e via os ovos. Pegava-os, abraçava-os, e saia correndo com eles gritando "o coelhinho passou aqui, o coelhinho passou aqui!". Sentava na mesa com a gente, todos se faziam de espantados, e ajudávamos o Rodrigo a abrir os embrulhos. Ele, por hora, ignorava o chocolate, geralmente os ovos que ele pedia vinha com algum brinde dentro. Ele abria o ovo só pra pegar o presente, olhava, fuçava, descobria o que o brinde fazia, brincava, até enjoar, aí sim, ele lembrava que tinha chocolate em cima da mesa. Ele comia um pouco e oferecia pra todos.
Hoje foi diferente. Acordamos e fomos pra Missa de Sétimo Dia da morte dele. Ao voltar da missa, almoçamos e logo depois disso, entregamos aos amigos mais próximos dele, os ovos que eram pra ser do Rodrigo. Tenho certeza que o meu Guigo aprovou nosso gesto, ele tinha a nobreza de dividir as coisas. Espero que esse domingo de Páscoa tenha sido bom pra ele, nem imagino como deve ser essa grande festa no céu. Aqui foi triste, eu queria muito tê-lo aqui, mas ele esteve comigo o tempo todo, mesmo sem eu o ver. Eu sei disso.
FOTO: Rodrigo com nossa antiga coelha Blink, na sua festa de oito anos, em 2009. Ele tinha acabado de ganhar seu quarto do Homem Aranha, por isso, a blusa! (:
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